Giovane Gávio, bicampeão olímpico pela seleção brasileira de vôlei, se tornou sócio da Manchester, assessoria de investimentos da rede XP que reúne cerca de R$ 18 bilhões na custódia da plataforma.
O atleta, à frente do Joinville Vôlei desde 2022, em Joinville (SC), cidade de origem da Manchester, se aproximou dos sócios da empresa ao ser o mestre de cerimônia de um evento do escritório cerca de um ano atrás. Depois, participou de duas palestras, uma delas quando a assessoria anunciou a entrada da XP como sócia no negócio. “Culminou com a oportunidade fantástica de fazer algo maior”, diz Giovane ao dividir esse passo na carreira com o Valor.
Suas responsabilidades incluem um trabalho de performance com o time da Manchester, que hoje tem 300 profissionais, espalhados por 16 cidades nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, atendendo cerca de 20 mil investidores.
“Acho que tem uma analogia com o alto rendimento do esporte e do mercado financeiro, exigindo sempre performance e resultados maiores, uma rotina que pode ser tão estressante quanto, querendo ganhar nos milésimos ou melhorar a performance percentual”, diz Giovane. Ele vai auxiliar na formação de novos líderes ao lado da área de recursos humanos. “Mas não é performance a qualquer custo.”
Gigio, como é conhecido no circuito esportivo, também vai ser uma figura da porta para fora. “A ideia é ter uma visão 360 para dentro, para fora, para o lado, de certa forma construir relacionamento com clientes em eventos, jantares, trocar experiências, curiosidades.”
A parceria também serve ao propósito de ter um especialista próximo para cuidar do próprio dinheiro e ajudar nos desafios pessoais do atleta, “preservar o patrimônio com boas performances nos investimentos ou até mesmo alavancar oportunidades de novos negócios”, diz Giovane.
Aos 54 anos, ele planeja se aposentar aos 65. “Como investidor também é um desafio. Como perpetuar, como cuidar do patrimônio sob a ótica do planejamento financeiro já que passei dos 50, estou em outro momento da vida? É muito importante ter pessoas que vão ajudar a construir este final da carreira”, diz.
O objetivo, acrescenta, é ter “liberdade financeira para tomar as decisões que quiser”, além de manter numa reserva para o futuro dos quatro filhos, com idades entre 17 e 28 anos — a mais velha, Giulia, é jogadora de vôlei de praia. Gianmarco é formado em economia e é gestor de recursos no BTG Pactual.
Giovane diz que tem perfil conservador. “Sou meio medroso com o dinheiro que ganho com suor, não gasto muito não”, afirma. Investe em imóveis, moedas e renda fixa. Não tem previdência privada.
“Pena que eu não tinha a Manchester 30 anos atrás, certamente muitas decisões seriam tomadas de forma diferente, de forma mais assertiva”, afirma. “Ganhar nunca foi fácil, mas tem que tomar cuidado para não perder.”
Se pudesse voltar atrás, ele talvez não tivesse comprado um imóvel em Juiz de Fora (MG), cidade natal, exemplifica, privilegiaria o Rio de Janeiro, onde mora hoje. “Aos 19, 20 anos você começa a ganhar dinheiro focado no hoje. Com um assessor com uma visão mais ampla, que sabe a importância dos juros compostos, certamente ele teria dito ‘calma, deixa o dinheiro trabalhar para você’.”
O embarque de Giovane na Manchester conversa com o redirecionamento da assessoria de investimentos nos dois últimos anos, que fala muito menos sobre produtos, para uma abordagem pró-planejamento financeiro, diz Renata Ruiz, sócia da Manchester que lidera a área de recursos humanos (CHRO).
“Como ajudar o público do esporte, os não CLT, que têm mais oscilação de renda e um perfil de carreira ativa mais curta do que quem é registrado e se aposenta aos 60, 70 anos? Há um trabalho de conscientização por trás disso”, afirma a executiva. É trazer as novas gerações para a conversa e cobrir toda a família.
Em tempos de informações em alta velocidade e dos avanços da inteligência artificial, Giovane diz que é também um passo de revalorização das relações humanas, do olho no olho, o cafezinho.
Os investimentos em marketing da Manchester orçados para este ano, considerando todas as ações, chegam a R$ 5 milhões, o dobro dos desembolsos no ano passado, cita o chefe da área, Marcos Neuhaus.
Giovane Gavio é o novo sócio da Manchester Investimentos — Foto: Leon Produtora
