Afinal, o consumo é bom ou ruim para sociedade?

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*Com Joel Rodrigues, fundador e CEO da Woie Bike

Todo ano, quando chegamos a 15 de março e lembramos do Dia do Consumidor, a mesma reflexão vem à mente: o consumo é bom ou ruim para a sociedade?

Especialmente em períodos de crise econômica, as medidas de recuperação têm o objetivo de incentivar o consumo, alimentando a cadeia produtiva, a geração de empregos e, por consequência, a arrecadação do Estado, que pode investir em Saúde, Educação e Infraestrutura, por exemplo. Logo, por esse ponto de vista, o consumo é algo positivo para a sociedade.

Porém, ao mesmo tempo, o consumo sem controle também corrói a saúde financeira das famílias. Dados de 2020 da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)* indicam que mais de dois terços das famílias brasileiras estão endividadas, o maior índice em  dez anos. Para completar o cenário, o índice de inadimplência também bate recordes: 26,7% das famílias estão com compromissos em atraso. Logo, um a cada quatro pais ou mães de família estão com o nome negativado na praça. Os principais vilões são cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal e prestação de carro.

Então, afinal, voltamos à pergunta original: o consumo é bom ou ruim para a sociedade? A chave para essa resposta passa por duas palavras: educação e cultura, para a construção de um ciclo virtuoso de consumo consciente.

A educação deve ser sobretudo financeira. Há uma grande disponibilidade de informação sobre as melhores formas de administrar as finanças de casa, por meio de noções de equilíbrio entre entradas e saídas, ganhos e despesas. O consumismo não pode nem deve ser a tábua de salvação das famílias nem uma válvula de escape para as “pressões” da sociedade moderna. Ele deve ser uma ferramenta útil para uma vida feliz, saudável e equilibrada.

Em outras palavras, o consumo deve servir a mim, e não eu a ele.

Uma forma simples de medir se a educação financeira traz efeitos positivos para as famílias é a disponibilidade de recursos para investir. Se, no fim do mês, não há nem R$ 1 que possa ajudar a compor a reserva de emergência ou mesmo ser investido numa aplicação –  seja ela arrojada ou conservadora – algo está errado. Para um planejamento financeiro, investir é uma parte tão importante quanto pagar as contas. É a garantia de uma melhor saúde do bolso no futuro, de que amanhã você estará melhor do que hoje. E é também o melhor sinal de que o seu consumo é consciente e as suas finanças são equilibradas.

A resposta à pergunta sobre o consumo também é dada pela mudança de cultura, no incentivo a boas práticas. Um bom exemplo vem de marcas como a Woie Bike, que incentivam que o consumo consciente seja uma resposta positiva das pessoas à sociedade. Uma simples mudança de hábito, como a troca do carro por uma bicicleta elétrica, tem múltiplos efeitos positivos, para o indivíduo e o ambiente em que ele vive: reduz o número de carros nas ruas; reduz a poluição do meio ambiente; incentiva a prática de atividade física e a vida saudável; gera uma solução mais eficiente, mais barata e mais prática para a última milha da locomoção; entre outros benefícios.

Esse ciclo virtuoso deve fazer parte do propósito das empresas, como uma forma de contrapartida para a sociedade. Números da própria Woie Bike demonstram que não é sustentável, por exemplo, que um carro passe 95% do dia parado na empresa, no trânsito ou na residência, e os custos que ele gera correspondam, em média, a 50% da renda de um trabalhador que recebe até R$ 2 mil por mês. Para completar, 60% da frota de veículos do Brasil percorre menos de 8 km por dia, uma distância totalmente “bicicletável”.

Então, após essas reflexões, fica claro que, sim, o consumo é algo positivo para a sociedade, desde que haja um esforço de educação pelo consumo consciente e uma mudança de cultura em direção a hábitos mais positivos e sustentáveis. Assim, aproveite bem o Dia do Consumidor, com propósito, equilíbrio e, acima de tudo, inteligência! 

*https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/09/03/endividamento-das-familias-bate-recorde-em-agosto-e-inadimplencia-e-a-maior-em-10-anos-aponta-cnc.ghtml

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